Após a leitura do texto abaixo, elabore um comentário sobre o filme assitido na última aula. Busque se aproximar dos objetivos da proposição:
1. Identificar as possibilidades ampliadas de movimentos apresentadas por Billy, o seu processo de criação, e a estruturação de sua sequência de movimentos;
2. Analisar as relações entre os movimentos apresentados po Billy, o seu processo de criação e estruturação de uma sequência de movimentos, e a elaboração da sequência de movimentos ginásticos do seu grupo nas aulas de educação física em desenvolvimneto na escola.
Bom Trabalho!!
Prof. Leonan
Billy Elliot
De Stephen Daldry
RAPIDINHO
O lugar é uma cidadezinha de mineiros, no norte da Inglaterra. O tempo é a década de 80, quando Margareth Tatcher arrochava salários e mandava bater nos grevistas. Os personagens são, quase todos, homens e mulheres comuns, imersos num cotidiano que nem a presença de centenas de policiais consegue alterar significativamente. Nada de heróis, nem de bandidos. O centro da narrativa é um garoto de 11 anos, Billy, que, em vez de lutar box, como quer seu pai, é atraído por um grupo de dança clássica, onde só há meninas. Estes elementos estão arranjados harmoniosa e dialeticamante, de modo que lugar, tempo, personagens e protagonista explicam-se e completam-se uns aos outros. Resultado? Uma pequena obra-prima. Billy Elliot já é um dos melhores filmes do ano.
AGORA COM MAIS CALMA
No parágrafo anterior, só utilizei a palavra "dança" na quinta frase. Esquecimento? Talvez. Os próprios créditos iniciais, maravilhosos, que mostram Billy pulando em câmara lenta, parecem sugerir um filme sobre a dança. A "story-line", poderosa em sua simplicidade, também não poderia ser outra: "garoto quer trocar box por balé". Mas será que a obra de Daldry é mesmo sobre a dança? Creio que não. A dança é parte importante do filme, assim como a música (e que bela trilha, abusando de T.Rex e com uma seqüência antológica com The Clash); contudo, o tema de Billy Eliot é outro. O que realmente emociona, o que realmente faz a história adquirir a grandeza que ela tem, é o retrato de um garoto órfão de mãe, condenado a cuidar de sua avó e a agüentar um pai e um irmão grosseiros, ambos reis da testosterona, incapazes de perceber no caçula da família algo que nunca terão: sensibilidade.
Neste tempos em que a crítica feminista e a análise teórica de gêneros se fortalecem, é inevitável ver Billy Elliot também como uma obra sexualmente libertária. Billy é um garoto heterossexual (ao contrário de seu melhor amigo, gay assumido), mas isso não o impede de ter várias qualidades femininas e desgostar de certas coisas típicas do universo masculino. A ausência da mãe, que poderia protegê-lo e servir-lhe de espelho, agrava a situação. Em seu lugar, aparece uma professora de balé, também infeliz na vida familiar, que consegue reconhecer em Billy o talento e a vocação para a dança. Entretanto, ela não é a mãe. E Billy não está disposto a destruir sua relação com o pai e o irmão.
É neste momento que o roteiro se mostra genial. Em vez de contar, pela milionésima vez, um confronto sem solução entre um garoto sensível e fraco contra um pai machista e forte, Billy Elliot conta a história de como o pai machista e forte descobre que seu filho tem o direito de ser o que é. E, mais do que isso, sendo o que é poderá fugir das minas de carvão, dos baixos salários, das greves. A angústia do pai de Billy, que ama tanto seu filho que é capaz de reformular sua visão do mundo e passar por "fura-greve" (ou seja, um "maricas"), para conseguir o dinheiro da passagem de ônibus, é o momento mais forte do filme. Billy luta pelo que quer ser. Isso é difícil. Seu pai – e, depois seu irmão - lutam contra o que são. Isso é mais difícil ainda. E é isso que emociona no filme.
O elenco é homogêneo e absolutamente verossímil. A fotografia, bem cuidada, mas discreta, emoldura o norte da Inglaterra com competência. A montagem se destaca nas belas cenas de ação paralela (provavelmente já previstas no roteiro, mas executadas com perfeição). Os diálogos são divertidos e concisos, sem apelar para o melodrama e mantendo a riqueza e a musicalidade do sotaque local. Para o meu gosto (vocês sabem que não gosto de finais felizes) a última cena, com Billy adulto, um belo e emplumado cisne num espetáculo grandioso, é dispensável. Billy venceu antes disso. Entretanto, é apenas uma pequena concessão, num filme que se afirma pelo vigor de sua originalidade.
Fonte: http://www.terra.com.br/cinema/opiniao/billy1.htm, acesso em 24-03-2010, às 07:15h